Vou começar este blog contando uma história que começa bem lá atrás… Era o início dos anos 80, eu devia ter perto de 9 anos e me lembro vagamente da primeira vez que meu pai falou que queria comprar um ônibus, montar um motorhome e sair para viajar com minha mãe. Eu sempre pensei que seria legal irmos todos juntos. Mas, antes disso, meu pai alugou um trailer para passarmos férias, quando meu irmão mais novo nem sequer era um projeto!
Depois, já mais velho, meu pai alugou outro trailer para fazermos mais uma viagem em família. Eu acabara de passar no vestibular em Curitiba e me mudaria para morar sozinho, pois naquela época morávamos todos em São Paulo e esta seria a viagem de “despedida”. Não sei por qual motivo exatamente, mas ter a “nossa” casa junto com a gente o tempo todo era uma das coisas que me despertava maior interesse.
Dessa viagem, eu com 18 para 19 anos, tenho diversas recordações. Fomos em uma Veraneio, toda equipada. Eu havia tirado carteira de habilitação há pouco tempo e foi uma das minhas primeiras viagens na “boléia” a maior parte do tempo, por diversas estradas do Brasil. Como era bom dirigir na estrada! Peguei o gosto pelo asfalto. A sensação de liberdade é muito boa. Fiz outras inúmeras viagens de carro e moto, dirigindo por diversas horas e apreciando as paisagens. Várias sozinho, várias com amigos, mais algumas depois de casado e nem tantas ainda depois das 2 filhas.
Mas comecei contando tudo isso, pois depois de mais de 20 anos, um dia na internet, li uma matéria que falava de overlanders e de como a vida mais simples que a maioria acaba levando por estar na estrada era compensadora em diversos sentidos. Neste momento lembrei das viagens em família e de como elas haviam me marcado. Momentos passados com meus pais e meus irmãos que estarão para sempre em minha memória. De como eu gostava de estar na estrada e de como tinha histórias para contar das viagens que fiz.
A mudança
Talvez um pouco descontente com a forma como estava levando minha vida, onde o trabalho estava tomando todo o meu tempo e não estava conseguindo acompanhar da forma que gostaria o crescimento de minha filha, veio a certeza de que precisava mudar alguma coisa. Com essas lembranças na cabeça, pensei em fazer uma viagem longa com minha família, mas daí bateu a loucura e me perguntei:
Por que não ter uma vida mais simples e fazer o que realmente mais gosto? Estar com minha família e viajar, vivendo em um motorhome?
Mas a razão me fez pensar:
Como fazer isso de forma contínua? Com que dinheiro? E o trabalho? Escola das pequenas? Será que minha esposa toparia? Fui para casa e fiquei com isto na cabeça por alguns meses.
Fui conversar com a Camila, minha esposa, um tempo depois e num primeiro momento ela não se opôs à ideia, mas não me deu muita atenção, mesmo porque estava com sua mãe doente e por mais que achasse que devíamos estar mais tempo juntos e que viajar seria tudo de bom, ficava difícil imaginar-se na estrada, longe da mãe que precisava de sua ajuda.
Durante minhas pesquisas pela internet, comecei a encontrar e seguir alguns viajantes e descobri o homeschooling. Perguntei pra ela, que é pedagoga, o que ela acharia de educarmos nossas filhas em casa? Acredito que após este questionamento e o falecimento de minha sogra, ela começou a ver que minha ideia “meio maluca” tinha algum sentido e poderia ser viável.
Agregando a tudo isso as mudanças que ela também já estava querendo fazer na forma como estava levando sua profissão.
Paralelamente comecei a me interessar cada vez mais pela pedagogia, pois sempre acreditei que somente através de educação podemos ter um mundo melhor. Começamos a assistir a documentários sobre educação, homeschooling e vimos que diversos projetos transformadores estão acontecendo pelo mundo.
A partir daí tudo foi se juntando e fazendo mais sentido. Tínhamos que conhecer cada um destes projetos e além de divulgá-los, poderíamos unir o nosso conhecimento para ajudar outras escolas, professores e outros pais a realmente fazerem a diferença na educação de nossas crianças
A virada de chave
Neste momento, eu percebi que não podia mais adiar essa jornada. Não podia mais deixar que a rotina e as preocupações do dia a dia nos impedisse de realizar o nosso sonho.
Eu sabia que seria difícil, que teríamos que abrir mão de muitas coisas, nos desapegar de bens materiais e enfrentar muitos desafios pelo caminho. Mas também sabia que valeria a pena. Que cada quilômetro percorrido, cada paisagem vista e cada história vivida seria uma recompensa única.
E assim, começamos a planejar. Pesquisamos sobre motorhomes, escolhemos as rotas que gostaríamos de seguir e definimos um cronograma. Começamos a vender nossos bens materiais, a organizar nossa vida financeira e a nos preparar emocionalmente para essa grande mudança.
E agora, finalmente, estamos prestes a partir. A sensação é de misto de alegria e apreensão. Sabemos que muitos desafios nos esperam, mas também sabemos que cada obstáculo superado será uma vitória ainda mais doce.
Estou animado para ver as expressões no rosto das minhas filhas quando virem o mar, ou quando conhecerem um lugar novo que nunca imaginaram existir. Estou animado para descobrir novas culturas, experimentar novos sabores e fazer novas amizades pelo caminho.
E, acima de tudo, estou animado para estar com minha família, lado a lado, compartilhando momentos únicos e inesquecíveis. Porque, afinal, é isso que realmente importa na vida: os momentos que passamos juntos, as experiências que vivemos e as lembranças que construímos.
E então, se você também tem um sonho, uma jornada que deseja seguir, eu te digo: vá em frente. Não deixe que o medo, a rotina ou as expectativas dos outros te impeçam de realizar aquilo que realmente importa para você. Lembre-se sempre que a vida é curta e que cada dia é uma oportunidade única para fazer algo especial. Então, siga em frente, com coragem, determinação e muita emoção.
Agora você já sabe sobre o nascimento do projeto e se quiser saber mais sobre a nossa jornada, não deixe de nos acompanhar! Venha conosco nessa aventura!
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