Bom dia camaradas
Uma Luanda dos anos 1980 com professores cubanos, escolas entoando hinos matinais e jovens de classe média é o cenário de Bom dia, camaradas.
Do universo do romance também fazem parte as lembranças dos cartões de abastecimento, as desigualdades sociais e os conflitos entre modernidade e tradição.
Através do olhar lírico de um garoto, o leitor é levado a uma Angola que acabou de se tornar independente e é obrigada a repensar as regras sociais e a questionar as causas da desigualdade.
Ondjaki nos conduz aos pequenos acontecimentos do cotidiano que mostram como é preciso mais que um decreto para que as mudanças de fato aconteçam.
Assim como em outros livros de Ondjaki, o mundo dos jovens e a descoberta da vida adulta e seus conflitos são retratados sem o tom irritadiço das militâncias nem a condescendência do lirismo excessivo.
E Bom dia, camaradas é daqueles romances que atravessa as idades e pode ser lido tanto pelo jovem quanto pelo leitor maduro.
A literatura de Ondjaki é especialmente atraente para o público brasileiro, que verá a língua portuguesa ganhar outros contornos e reconhecerá no escritor angolano muito da nossa melhor tradição literária.
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